Caros alunos, só pude postar em duas partes... não esqueçam é para dia 22/05. Gabarito em sala.
(continuação)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Quando a rede vira um vício
Com o titulo "Preciso de ajuda", fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Internet Anônimos: "Estou muito dependente da web, Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério". Logo obteve resposta de um colega de rede. "Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em frente ao computador. Preciso de ajuda." Odiálogo dá a dimensão do tormento provocado pela dependência em Internet, um mal que começa a ganhar relevo estatístico, à medida que o uso da própria rede se dissemina. Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Centro de Recuperação para Dependência de Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web %u2014 com concentração na faixa dos 15 aos 29 anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em álcool ou em drogas, o doente desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem se dar conta do exagero. Ele também sofre de constantes crises de abstinência quando está desconectado, e seu desempenho nas tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela do computador, vive, aí sim, momentos de rara euforia. Conclui uma psicóloga americana: "O viciado em internet vai, aos poucos, perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo %u2014 e completamente virtual".
Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas ao longo desta reportagem. Em todos os casos, a internet era apenas "útil" ou "divertida" e foi ganhando um espaço central, a ponto de a vida longe da rede ser descrita agora como sem sentido. Mudança tão drástica se deu sem que os pais atentassem para a gravidade do que ocorria. "Como a internet faz parte do dia a dia dos adolescentes e o isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente detecta o problema antes de ele ter fugido ao controle", diz um psiquiatra. A ciência, por sua vez, já tem bem mapeados os primeiros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet aumenta %u2014 até culminar, pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o estudo americano. As situações vividas na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas. É típico o aparecimento de olheiras profundas e ainda um ganho de peso relevante, resultado da frequente troca de refeições por sanduíches %u2014 que prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. Gradativamente, a vida social vai se extinguindo. Alerta outra psicóloga: "Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do que fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem".
Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapolar o uso da internet. Há uma razão estatística para isso %u2014 eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia %u2014, mas pesa também uma explicação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos entrevistados (viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma maneira de "aliviar os sentimentos negativos", tão típicos de uma etapa em que afloram tantas angústias e conflitos. Na rede, os adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz um outro psiquiatra: "Num momento em que a própria personalidade está por se definir, a internet proporciona um ambiente favorável para que eles se expressem livremente". No perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no vicio se vê, em geral, uma combinação de baixa autoestima com intolerância à frustração. Cerca de 50% deles, inclusive, sofrem de depressão, fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vicio, a maior adoração é pelas redes de relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção de começo, meio ou fim.
Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a dependência em internet é reconhecida %u2014 e tratada %u2014 como uma doença. Surgiram grupos especializados por toda parte. "Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença", conta um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80% voltam a niveis aceitáveis de uso da internet. Não seria factível, tampouco desejável, que se mantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por exemplo, de um alcoólatra em relação à bebida. Com a rede, afinal, descortina-se uma nova dimensão de acesso às informações, à produção de conhecimento e ao próprio lazer, dos quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um consenso acerca do razoável: até duas horas diárias, no caso de crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for sedimentada, melhor. Na avaliação de uma das psicólogas, "Os pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os filhos sobre como usá-lo de forma útil e saudável". Desse modo, reduz-se drasticamente a possibilidade de que, no futuro, eles enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados.
Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. Adaptado.
11. Assinale a opção em que o conectivo interliga adequadamente as orações "Estou muito dependente da web. Não consigo mais viver normalmente". (1° parágrafo), mantendo o sentido expresso.
a) Logo.
b) Porém.
c) Consoante.
d) Porquanto.
e) Entretanto.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Como prevenir a violência dos adolescentes
"(...) Quando deparo com as notícias sobre crimes hediondos envolvendo adolescentes, como o ocorrido com Felipe Silva Caffé e Liana Friedenbach, fico profundamente triste e constrangida. Esse caso é consequência da baixa valorização da prevenção primária da violência por meio das estratégias cientificamente comprovadas, facilmente replicáveis e definitivamente muito mais baratas do que a recuperação de crianças e adolescentes que comentem atos infracionais graves contra a vida.
Talvez seja porque a maioria da população não se deu conta e os que estão no poder nos três níveis não estejam conscientes de seu papel histórico e de sua responsabilidade legal de cuidar do que tem de mais importante à nação: as crianças e os adolescentes, que são o futuro do país e do mundo.
A construção da paz e a prevenção da violência dependem de como promovemos o desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo das nossas crianças e adolescentes, dentro do seu contexto familiar e comunitário. Trata-se, portanto, de uma ação intersetorial, realizada de maneira sincronizada em cada comunidade, com a participação das famílias, mesmo que estejam incompletas ou desestruturadas (...)"
"(...) Em relação às crianças e adolescentes que cometeram infrações leves ou moderadas - que deveriam ser mais bem expressas - seu tratamento para a cidadania deveria ser feito com instrumentos bem elaborados e colocados em prática, na família ou próxima dela, com acompanhamento multiprofissional, desobstruindo as penitenciárias, verdadeiras universidades do crime. (...)"
"(...) A prevenção primária da violência inicia-se com a construção de um tecido social saudável e promissor, que começa antes do nascer, com um bom pré-natal, parto de qualidade, aleitamento materno exclusivo até seis meses e o complemento até mais de um ano, vacinação, vigilância nutricional, educação infantil, principalmente propiciando o desenvolvimento e o respeito à fala da criança, o canto, a oração, o brincar, o andar, o jogar; uma educação para a paz e a nãoviolência.
A pastoral da criança, que em 2003 completa 20 anos, forma redes de ação para multiplicar o saber e a solidariedade junto às famílias pobres do país, por meio de mais de 230 mil voluntários, e acompanhou no terceiro trimestre deste ano cerca de 1,7 milhão de crianças menores de seis anos e 80 mil gestantes, de mais de 1,2 milhão de famílias, que moram em 34.784 comunidades de 3.696 municípios do país.
O Brasil é o país que mais reduziu a mortalidade infantil nos últimos dez anos; isso, sem dúvida, é resultado da organização e universalização dos serviços de saúde pública, da melhoria da atenção primária, com todas as limitações que o SUS possa ainda possuir, da descentralização e municipalização dos recursos e dos serviços de saúde. A intensa luta contra a mortalidade infantil, a desnutrição e a violência intrafamiliar contou com a contribuição dessa enorme rede de
solidariedade da Pastoral da Criança. (...)"
"(...) A segunda área da maior importância nessa prevenção primária da violência envolvendo crianças e adolescentes é a educação, a começar pelas creches, escolas infantis e de educação fundamental e de nível médio, que devem valorizar o desenvolvimento do raciocínio e a matemática, a música, a arte, o esporte e a prática da solidariedade humana.
As escolas nas comunidades mais pobres deveriam ter dois turnos, para darem conta da educação integral das crianças e dos adolescentes; deveriam dispor de equipes multiprofissionais atualizadas e capacitadas a avaliar periodicamente os alunos. Urgente é incorporar os ministérios do Esporte e da Cultura às iniciativas da educação, com atividades em larga escala e simples, baratas, facilmente replicáveis e adaptáveis em todo o território nacional. (...)"
"(...) Com relação à idade mínima para a maioridade penal, deve permanecer em 18 anos, prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e conforme orientações da ONU. Mas o tempo máximo de três anos de reclusão em regime fechado, quando a criança ou o adolescente comete crime hediondo, mesmo em locais apropriados e com tratamento multiprofissional, que urgentemente precisam ser disponibilizados, deve ser revisto. Três anos, em muitos casos, podem ser absolutamente insuficientes para tratar e preparar os adolescentes com graves distúrbios para a convivência cidadã. (...)"
Zilda Arns Neumann, 69, médica pediatra e sanitarista; foi fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança. (Folha de S Paulo, 26/11/2003.)
12. Observe o nexo que a locução conjuntiva destacada estabelece no fragmento.
"Trata-se, portanto, de uma ação intersetorial, realizada de maneira sincronizada em cada comunidade, com a participação das famílias, mesmo que estejam incompletas..." (3º parágrafo).
Todas as alternativas abaixo expressam uma correta correspondência entre esse nexo estabelecido pela locução conjuntiva do fragmento de texto acima, exceto:
a) Embora não entendendo a proposta, sorriu.
b) Saiu da sala, ainda que a explanação da jovem não tivesse chegado ao fim.
c) Receberam-na bem, posto que os telespectadores manifestassem insatisfação.
d) Posto que não assistiram à participação da família, viajaram cedo.
e) Evoluímos muito em nossas escolhas, ainda assim a comunidade surpreendeu-se com o resultado.
13. No período: "Urgente é incorporar os ministérios do Esporte e da Cultura às iniciativas da educação..." (9º parágrafo), temos, respectivamente.
a) uma relação de coordenação, com orações coordenadas assindética e sindética, respectivamente.
b) uma relação de subordinação, com orações coordenadas.
c) orações subordinadas, sendo uma principal e outra subordinada substantiva.
d) orações subordinadas substantivas completivas nominais.
e) orações subordinadas, sendo uma principal, outra subordinada adverbial.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Viver não dói
Por que sofremos tanto por amor?
(...)
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido juntos e
não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
(...)
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente
conosco, mas por todos os momentos em
que poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela
euforia sufocada.
(...)
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o
desperdício da vida está no amor que não damos, nas
forças que não usamos, na prudência egoísta que nada
arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos
também a felicidade...
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.
Carlos Drummond de Andrade
Fonte: www.carlosdrummond.com.br
14. Como recurso de coesão textual, Carlos Drummond utiliza, reiteradamente, os conectivos: por e porque para responder à pergunta "Sofremos por quê?" E, com esse uso, o autor explicita coerência das ideias, gerando relações semânticas de:
a) causa ou medida, conformidade.
b) causa ou motivo, instrumento.
c) causa ou motivo, explicação.
d) conformidade, modo ou substituição.
e) medida, modo ou explicação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto 1
Araçatuba promove semana contra violência da mulher
Quebrando o Silêncio - Semana de Conscientização contra a Violência Doméstica irá acontecer pela quarta vez em Araçatuba. A ação é um projeto da Adra (Agência de Desenvolvimento de Recursos Assistenciais),órgão oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Neste ano, a semana irá ocorrer em parceria com a Secretaria Municipal de Segurança, Câmara Municipal e Delegacia de Defesa da Mulher. As atividades serão realizadas nos dias 13, 14 e 15, das 9h as 17h, no calçadão da Marechal.
Disponível em www.folhadaregiao.com.br em 11/10/2010
Texto 2
Em 20 de novembro de 1959, foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos da Criança, com a intenção de garantir à criança uma infância feliz.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069, art. 4º, esclarece que os direitos infantis precisam ser recordados todos os dias como o direito à vida, saúde, alimentação, educação, esporte, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade e convivência familiar e comunitária.
Disponível em www.oecumene.radiovaticana.org em12/10/2010.
Texto 3
Violência em maternidades revela problemas na saúde pública
Uma pesquisa apresentada à Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revela que grávidas em trabalho de parto sofrem diversos maus tratos e desrespeitos por parte dos profissionais de saúde nas maternidades públicas. Segundo a análise, esse tipo de violência, além de apontar para os problemas estruturais da saúde pública, revela a "erosão" da qualidade ética das interações entre profissionais e pacientes, a banalização do sofrimento e uma cultura institucional marcada por estereótipos de classe e gênero.
Disponível em www.correiodobrasil.com.br (Ano XI - nº 3937) em 12/10/2010
15. A respeito do conectivo que, em: "... esclareceu que os direitos infantis precisam ser recordados..."(texto 2), podemos dizer que o termo em evidência é classificado como :
a) pronome relativo e introduz uma oração subordinada adjetiva.
b) pronome relativo e introduz oração subordinada substantiva.
c) conjunção integrante e encabeça oração subordinada adverbial.
d) conjunção integrante e encabeça oração subordinada substantiva.
e) conjunção explicativa e introduz oração coordenada.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O acendedor de lampiões e nós
Outro dia tive uma visão. Uma antevisão. Eu vi o futuro. O futuro estampado no passado. Como São João do Apocalipse, vi descortinar aos meus olhos o que vai acontecer, mas que já está acontecendo.
Havia acordado cedo e saí para passear com minha cachorrinha, a meiga Pixie, que volta e meia late de estranhamento sobre as transformações em curso. Pois estávamos perambulando pela vizinhança quando vi chegar o jornaleiro, aquele senhor com uma pilha de jornais, que ia depositando de porta em porta. Fiquei olhando. Ele lá ia cumprindo seu ritual, como antigamente se depositava o pão e o leite nas portas e janelas das casas.
Vou confessar: eu mesmo, menino, trabalhei entregando garrafas de leite aboletado na carroça do "seu" Gamaliel, lá em Juiz de Fora.
E pensei: estou assistindo ao fim de uma época. Daqui a pouco, não haverá mais jornaleiro distribuindo jornais de porta em porta. Esse entregador de jornais não sabe, mas é semelhante ao acendedor de lampiões, que existia antes de eu nascer. Meus pais falavam dessa figura que surgia no entardecer e acendia nos postes a luz movida a gás, e de manha vinha apagar a tal chama.
Esse tipo foi imortalizado no soneto que Jorge de Lima escreveu aos 17 anos e publicou em 1914:
O acendedor de lampiões
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz o senso humano irrita:
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
Os próprios jornais estão alardeando que os jornais vão acabar, ou seja, vão deixar de ser impressos para virar um produto eletrônico. Não vamos mais folhear o jornal, sentir o cheiro de papel, nem ir à banca. Vamos ter um aparelho receptor onde aparecerão texto e imagem do jornal.
E isso já começou. É irrefreável. Os mais velhos vão dizendo que preferem ler o livro em papel e não abrem mão do jornal antigo. Mas o jornal e o livro é que estão abrindo mão deles. Os mais jovens, como se constata, já nascem lendo na tela, eletronicamente. Como se dizia antigamente: resistir quem há de?
Tento me adaptar. Passei do mimeografo a álcool e do papel carbono à maquina elétrica e depois ao computador. Já tenho site, tenho blog e acabei de entrar no Twitter.
Claro que o livro impresso vai continuar como uma variante. Mas o entregador de jornais vai ser tipo histórico como o acendedor de lampiões. Assim caminha a humanidade, já dizia o filosofo James Dean. E, em relação a essas formidáveis e assustadoras mudanças, me vem aquela frase de Marshal McLuhan, enunciada há 50 anos - "Ao ver uma deslumbrante borboleta, a larva disse: 'Jamais me transformarei num monstro desses'. E, dito isso, se transformou".
SANT'ANNA, Affonso Romano de. Caderno Cultura. Estado de Minas, 22 agosto de 2010, p.8.
(texto com adaptações)
16. O conectivo destacado não estabelece uma ideia de comparação em:
a) "Os mais jovens, como se constata, já nascem lendo na tela, eletronicamente".
b) "Como São João do Apocalipse, vi descortinar aos meus olhos o que vai acontecer..."
c) "Ele lá ia cumprindo seu ritual, como antigamente se depositava o pão e o leite nas portas e janelas das casas".
d) "Tanta gente também nos outros insinua/ Crenças, religiões, amor, felicidade,/ Como este acendedor de lampiões da rua!"
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Bruxos, vampiros e avatares
Lya Luft
"A tecnologia abre territórios fascinantes, e ameaça nos controlar: se pensarmos um pouco, sentiremos medo"
19Cibernéticos e virtuais, 15nadamos num rio de novidades e nos consideramos moderníssimos. Um turbilhão de recursos trazidos pela ciência, pela tecnologia, nos atrai ou confunde. 13Se somos mais velhos, nos faz crer que jamais pegaremos esse bonde - embora ele seja para todos os que se dispuserem a nele subir, não necessariamente para ser campeões ou heróis.
11A tecnologia abre territórios fascinantes, e ameaça nos controlar: se pensarmos um pouco, sentiremos medo. O que mais vem por aí, quanto podemos lidar com essas novidades, sem saber direito quais são as positivas, quanto servem para promover progresso ou 16para nos exterminar ao toque do botão de algum demente no poder? Exageradamente entregues a esses jogos cada dia inovados, vamos nos perder da nossa natureza real, o instinto? 6Viramos homens e mulheres pós-modernos, sem saber o que isso significa; 1somos cibernéticos, somos twitteiros e blogueiros, mas não passamos disso. E, se não formos muito equilibrados, vamos nos transformar em hackers, e o mundo que exploda.
14Sobre a sensação de onipotência que esse mundo novo nos confere, lembro a história deliciosa do aborígine que, contratado para guiar o cientista carregado de instrumentos refinados, disse-lhe: 20"Você e sua gente não são muito espertos, porque precisam de todas essas ferramentas simplesmente para andar no mato e observar os animais".
9Não vamos regredir: a civilização anda segundo seu próprio arbítrio. Mas, como quase todas as coisas, 3seus produtos criam ambiguidade pelo excesso de aberturas 17e pelo receio diante do novo, que precisa ser domesticado, para se tornar nosso servo útil. As possibilidades do mundo virtual são quase infinitas. Sua sedução é intensa. 8Tão enganador quanto fascinante, no que tange à comunicação. 21Imenso, variado, assustador, rumoroso, ameaçador e frio, porque impessoal. 4Nesse mundo difuso, somos quase onipotentes, sem maior responsabilidade, pois cada ação nem sempre corresponde a uma consequência - e ainda podemos nos esconder no anonimato. Criam-se sérias questões morais e éticas não resolvidas nesse território: através da mesma ferramenta que nos abre universos e nos comunica com o outro, caluniamos e somos caluniados, ameaçamos e somos ameaçados, nos despersonalizamos, nos entregamos a atividades estranhas, algumas perversas; espiamos, espreitamos, maldizemos amigos e desconhecidos, odiamos celebridades, cortamos a cabeça de quem se destaca porque se torna objeto de inveja e ressentimento, escutamos mensagens sombrias e cumprimos, talvez, ordens sinistras.
18Relacionamentos pessoais começam e terminam, bem ou mal, nesse campo virtual - não muito diferente do mundo dito real, dos bares, festas e trabalho, faculdade e escola. 12Para as crianças, esse universo extenso e invasivo pode ser uma grande escola, um mestre inesgotável, 5um salão de jogos divertido em que elas imediatamente se sentem à vontade, sem os limites dos adultos. Mas pode ser a estrada dos pedófilos, a alcova dos doentes, ou a passagem sobre o limite do natural e lúdico para o obsessivo e perverso.
7Como quase tudo neste mundo nosso, duplo é o gume: comunicar-se é positivo, mas sinais feitos na sombra, sem verdadeiro nome nem rosto, podem acabar em fantasmáticas perseguições e males.
Singularmente, mas de maneira muito significativa, enquanto 2estamos velozes e espertos no computador, criando mundos virtuais, e jogando jogos cada vez mais complexos, buscamos o nevoeiro desse anonimato e, na época das maiores inovações, curtimos voar com bruxos em suas vassouras, namorar vampiros e inventar avatares que vão de engraçados a sinistros.
10Estimulante, múltiplo, tão rico, resta saber o que vamos fazer nesse novo mundo - ou o que ele vai fazer de nós. Quando soubermos, estaremos afixados nele como borboletas presas com alfinete debaixo da tampa de vidro ou vaga-lumes em potes de geleia vazios, naquelas noites de verão quando a infância era apenas aquela, inocente, que ainda espia sobre nossos ombros.
(Revista Veja, 17 de fevereiro de 2010)
17. Assinale a alternativa em que a relação semântica apresentada nos parênteses não está presente no excerto analisado.
a) "...um salão de jogos divertido em que elas imediatamente se sentem à vontade..." (ref. 5) - (lugar)
b) "Viramos homens e mulheres pós-modernos, sem saber o que isso significa ..." (ref.6) - (oposição)
c) "Como quase tudo neste mundo nosso, duplo é o gume..." (ref. 7) - (comparação)
d) "Tão enganador quanto fascinante, no que tange à comunicação." (ref. 8) - (proporção)
18. Assinale a alternativa em que as modificações propostas não acarretam mudança no sentido original do texto e respeitam a norma padrão da língua.
a) "Para as crianças, esse universo extenso e invasivo pode ser uma grande escola, um mestre inesgotável, um salão de jogos divertido em que elas imediatamente se sentem à vontade..." (ref. 12)
Esse universo extenso e invasivo pode ser para as crianças uma escola grande, um inesgotável mestre, um salão de jogos divertido aonde elas se sentem confortáveis imediatamente.
b) "Se somos mais velhos, nos faz crer que jamais pegaremos esse bonde - embora ele seja para todos os que se dispuserem a nele subir..." (ref. 13)
Quando somos mais velhos, nos faz crer que jamais vamos pegar este bonde, conquanto ele seja para todos aqueles que dispuserem-se a subir nele.
c) "A tecnologia abre territórios fascinantes, e ameaça nos controlar: se pensarmos um pouco, sentiremos medo." (ref. 11)
A tecnologia abre territórios fascinantes, ameaçando nos controlar, entretanto vamos sentir medo, caso pensamos um pouco.
d) "Sobre a sensação de onipotência que esse mundo novo nos confere, lembro a história deliciosa do aborígene..." (ref. 14)
Sobre a sensação de onipotência que esse novo mundo confere a nós, lembro-me da deliciosa história do nativo.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
A literatura da era digit@l
A internet tem sido um veículo de extrema importância para a divulgação dos escritores das novas gerações, 4assim como dos autores de épocas em que os únicos meios de acesso à leitura eram o livro e os jornais. Hoje, com todo o advento da tecnologia, os leitores de diversas faixas etárias e de qualquer parte do mundo podem acessar e fazer o download gratuito de uma infinidade de livros, usando o site de buscas Google. 13Pesquisas recentes indicam que o número de obras literárias de poesia e ficção tem crescido consideravelmente dentro do espaço cibernético nos últimos anos. 9Vários escritores têm preferido publicar seus textos ou livros virtualmente a ter que enfrentar os critérios e a seleção, muitas vezes injusta, das editoras. 12Portanto, a internet tem se tornado um espaço facilitador que acaba por redimensionar a literatura em todo o mundo.
O espaço cibernético proporcionou também a aproximação do escritor com seu leitor. 10Há menos de quinze anos, o escritor era um completo desconhecido. Comprávamos um livro e o líamos sem grandes possibilidades de contato com o autor. Hoje, ao lermos um livro impresso ou digitalizado, podemos encontrar sites e blogs que trazem mais informações sobre o autor e seus processos de escrita, entrevistas, curiosidades sobre personagens e todo tipo de informação que puder advir da obra em questão. Vários desses endereços virtuais disponibilizam 3até mesmo o e-mail do autor, de forma que seus leitores podem estabelecer contato com ele através de mensagens que muitas vezes são respondidas num tom cordial.
O escritor atual está mais próximo de seu leitor. A geração literária brasileira que vem se destacando no mercado editorial da última década, como Luís Ruffato, Cíntia Moscovich, Marcelino Freire, Santiago Nazarian, Daniel Galera, Simone Campos, Nélson de Oliveira, e muitos outros, tem permitido que o leitor possa ingressar no "mundo do autor" e conhecer o dia a dia do escritor através de seus blogs e sites. 5Além disso, há sites e portais especializados em literatura, como o Portal Literal, Literatura e Arte, Cronópios, Rascunho, Releituras e outros, repletos de informações sobre literatura e entrevistas com uma ampla variedade de autores.
6Nos dias atuais, não basta publicar a obra, é preciso também publicar o autor. E grande parte dessa acessibilidade à figura do escritor tem sido proporcionada pela internet.
(...)
Muitos questionamentos acerca da resistência dos livros em relação à internet são constantemente elaborados, tanto por leitores comuns quanto por especialistas de várias áreas. O que já sabemos é que 1mesmo com o desaparecimento do livro sendo alardeado há muitos anos, desde que obras digitalizadas começaram a aparecer na internet, as obras impressas não sumiram das editoras nem das livrarias. 11Pelo contrário, o número de editoras tem crescido consideravelmente no Brasil.
As vantagens que o advento da internet ofereceu ao ressurgimento dos livros nessa era de tecnologia e modernização não são poucas. Contudo, não podemos afirmar que se lê menos hoje do que há décadas. É possível que se leia de forma diferente. Agora há mais informações, textos mais diversificados, o leitor pode escolher e selecionar o que realmente quer ler. Claro que há aqueles que não dispensam os livros, as páginas, o cheiro, a história no papel impresso. 8Não podemos negar que é excitante possuir um livro nas mãos e lê-lo. 7Mas também, 2por outro lado, não podemos duvidar que a internet nos possibilita a leitura de livros que não poderiam chegar às nossas mãos a não ser por ela.
(Revista Conhecimento Prático. Março/2010.p.24-28.)
19. Leia com atenção o fragmento a seguir.
"Pesquisas recentes indicam que o número de obras literárias de poesia e ficção tem crescido consideravelmente dentro do espaço cibernético nos últimos anos." (ref. 13)
Sobre esse fragmento, só não se pode afirmar que
a) há duas orações e uma frase..
b) ocorrem três circunstâncias adverbiais.
c) trata-se de um período composto por coordenação e subordinação.
d) há uma conjunção integrante.
20. Analise as assertivas abaixo e escreva (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas.
( ) A expressão "mesmo com" (ref. 1) garante a progressão semântica do texto devido a seu valor aditivo.
( ) O elemento coesivo "por outro lado" (ref. 2) introduz uma contraposição ao que foi afirmado anteriormente.
( ) A expressão "até mesmo" (ref. 3) significa que a disponibilização do e-mail do autor é o ponto máximo da aproximação entre escritor e leitor.
( ) O conectivo "assim" (ref. 4) introduz uma sequência que tem por objetivo explicitar, confirmar a informação precedente.
( ) O elemento coesivo "Além disso" (ref. 5) introduz uma informação que é decisiva na argumentação.
A sequência correta é
a) V - F - V - F - V.
b) F - F - V - V - V.
c) F - V - V - F - V.
d) V - V - F - V - F.
21. Assinale a alternativa em que não há uma oração subordinada reduzida de infinitivo.
a) "Nos dias atuais, não basta publicar a obra, é preciso também publicar o autor." (ref. 6)
b) "Mas também, por outro lado, não podemos duvidar que a internet nos possibilita a leitura de livros..." (ref. 7)
c) "Não podemos negar que é excitante possuir um livro nas mãos e lê-lo." (ref. 8)
d) "Vários escritores têm preferido publicar seus textos ou livros virtualmente a ter que enfrentar os critérios e a seleção..." (ref. 9)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Velho papel pode estar com os anos contados
Já imaginou, daqui a algumas décadas, seu neto lhe perguntando o que era papel? Pois é, alguns pesquisadores já estão trabalhando para que esse dia chegue logo.
A suposta ameaça 7à fibra natural não é o desajeitado e-book, mas o papel eletrônico, uma 'folha' que você carregaria dobrada no bolso.
Ela seria capaz de mostrar o jornal do dia - com vídeos, fotos e notícias 8atualizadas -, o livro que você estivesse lendo ou qualquer informação antes impressa. Tudo ali.
Desde os anos 70, está no ar a 5ideia de papel eletrônico, mas as últimas novidades são de duas semanas atrás. Cientistas holandeses anunciaram que estão perto de criar uma tela com 'quase todas' as propriedades do papel: 3leveza, flexibilidade, 4clareza, etc.
A novidade que deixa o invento um pouco mais palpável está nos transistores. No papel do futuro, eles não serão de 6silício, mas de plástico - que é maleável e barato.
Os holandeses dizem já ter um protótipo que mostra imagens em movimento em uma tela de duas polegadas, ainda que de qualidade 1'meia-boca'.
2Mas não vá celebrando o fim do desmatamento e do peso na mochila. A expectativa é que um papel eletrônico mais ou menos convincente apareça só daqui a cinco anos.
Folha de S. Paulo, 17 dez. 2001.
Folhateen, p. 10.
22. O primeiro período do texto é formado por
a) três orações coordenadas.
b) duas orações coordenadas e uma subordinada.
c) três orações com sujeito oculto.
d) uma oração principal e duas subordinadas.
e) uma oração com sujeito oculto e duas com sujeito indeterminado.
23. Classifique as orações adjetivas marcando:
R (restritiva)
E (explicativa)
a) ( ) O garoto PARA QUEM ESCREVEREI A CARTA não me conhece.
b) ( ) O futebol, QUE É UM ESPORTE POPULAR, enlouquece as torcidas.
c) ( ) A dor QUE DISSIMULA dói mais.
d) ( ) Aqui vivem mais de mil pessoas, QUE PASSAM FOME.
e) ( ) A criança CUJO PAI NÃO FOI ENCONTRADO será recolhida pelo juiz.
24. Classifique as orações em maiúsculo de acordo com o seguinte código:
A - Adverbial Condicional
B - Adverbial Temporal
C - Adverbial Conformativa
D - Adverbial Comparativa
E - Adverbial Proporcional
a) ( ) SEGUNDO ME INFORMARAM, amanhã será feriado.
b) ( ) LOGO QUE CHEGAMOS AO CINEMA, o filme começou.
c) ( ) QUANTO MAIS ELE FALAVA, menos entendíamos.
d) ( ) Comprarei o livro CASO TENHA DINHEIRO.
e) ( ) Ele corria mais QUE UM AVESTRUZ.
25. Complete com as seguintes conjunções: segundo, tão... quanto, enquanto, a fim de, quanto menos... mais; e em seguida classifique as orações adverbiais:
1) __________ participamos, __________ perdemos.
2) O povo mobilizou-se __________ protestar.
3) Nossa História é __________ importante _____ nosso progresso.
4) __________ afirmam os médicos, fumar é prejudicial à saúde.
5) __________ não mudarem as leis, nada se resolverá.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A FUGA
Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.
- Para com esse barulho, meu filho - falou, sem se voltar.
Com três anos, já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, só estava empurrando uma cadeira.
- Pois então para de empurrar a cadeira.
- Eu vou embora - foi a resposta.
Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as num pedaço de pano, era sua bagagem: um caminhão de plástico com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da despensa? a mãe mais tarde irá saber), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.
A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente o pai olhou ao redor e não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
- Viu um menino saindo desta casa? - gritou para o operário que descansava diante da obra, do outro lado da rua, sentado no meio-fio.
- Saiu agora mesmo com uma trouxinha - informou ele.
Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro.
A trouxa, arrastada no chão, ia deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e - saíra de casa prevenido - uma moeda de um cruzeiro. Chamou-o mas ele apertou o passinho e abriu a correr em direção à avenida, como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia à distância.
- Meu filho, cuidado!
O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a esquerda, os pneus cantaram no asfalto.
O menino, assustado arrepiou carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como um animalzinho:
- Que susto você me passou, meu filho - e apertava-o contra o peito comovido.
- Deixa eu descer, papai. Você está me machucando.
Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas:
- Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai.
- Me larga. Eu quero ir embora.
Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala - tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave, como ele fizera com a da despensa.
- Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando.
- Fico, mas vou empurrar esta cadeira.
E o barulho recomeçou.
FERNANDO SABINO
26. "Chamou-o, MAS ELE APERTOU O PASSINHO..." A oração em destaque tem como classificação sintática:
a) Subordinada Substantiva Adversativa.
b) Subordinada Adjetiva Restritiva.
c) Coordenada Sindética Objetiva Direta.
d) Coordenada Sindética Adversativa.
e) Coordenada Assindética Adversativa.